domingo, 1 de dezembro de 2013

Tanto.




"Entre as brechas da porta que nos divide, um milhão de pensamentos transcendem todas as partes do meu corpo.
Me viro em sua direção e os poucos metros entre nós desaparecem toda vez que você corresponde meus olhares relapsos e impulsivos. Sem controle.
É assim que eu me sinto caminhando a passos curtos atrás do seu terno preto. Sem posicionamento. Sem medidas certas para parecer absolutamente normal em cada esquina que nos divide e transborda diálogos sem sentido.
Desde que eu me perdi e você desistiu de se encontrar, tudo que nos envolve têm sido "sem". Você preenche seu vazio em buracos cada vez mais sem volta e eu caminho em direção à percursos constantemente tortos e inacabados.
Parece incompleto. Angustiante. Cada meio sorriso seu é capaz de rasgar milhares de suspiros contidos dentro do meu peito que busca ajuda em ombros alheios.
E eu sei que dentro de cada gesto seu e no fundo de todos seus poemas escondidos você suspira por respostas e soluça medos tão grandes quanto o que eu transpareço quando você aparece por perto.
Seus olhos nem são azuis oceano mas eu sou uma vítima fácil das ondas que você traz consigo e me afogo nas águas mais profundas do que restou de nossas tardes ensolaradas.
Cada despedida só abre uma ferida exposta e passível de cura. Pelo menos por enquanto.
Enquanto...
E quanto.
Tanto. "

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Sobre ela.







Que ela saiba ouvir seus nãos, suas meias palavras, seus argumentos inválidos e sem sentido. Que ela entenda que você de fato não tem sentido, coerência, destino final. Eu espero que ela saiba amar o jeito que você anda, seus traços do lado esquerdo do rosto, ou como você sorri de lado, tentando disfarçar gostar de uma piada idiota. Espero que ela saiba das suas manias malucas, da forma como você pronuncia o fim das palavras, que ela ache fofo a forma como as gírias que você usa complementam os diálogos.


Espero que o jeito que você explica o mundo a agrade, que suas teorias sobre o fim dos tempos seja suficiente pra distraí-la na fila do cinema, que ela não ligue pro seu jeito desligado. Espero que ela encare seu mau humor matinal rindo, que saiba que você prefere o lado esquerdo da cama e respeite isso. Que ela não se assuste quando você se mexer sem perceber no meio da noite, que não tenha medo dos seus abraços apertados e da sua respiração ofegante em meio a pesadelos de madrugada. Espero que ela valorize a forma como você faz surpresas, mesmo que poucas. Que ela saiba te ouvir, que te dê aqueles conselhos difíceis e saiba que tem horas que você só quer carinho.


Espero que ela descubra que seu ponto fraco é a orelha, que ela goste do cheiro da fumaça de cigarro logo depois do beijo, que ela queira e não se importe em cuidar de você em um beco qualquer, quando a bebida te fizer mal. Que ela decore suas músicas preferidas e coloque pra tocar em um dia qualquer, só pra te ver sorrir. Que ela entenda que você demonstra mais pelo olhar que por qualquer coisa e que seus cílios dobram de um jeito fofo quando você chora. Que ela chore ao seu lado, mas que não espere muita consideração depois de uma briga. Que ela brigue com você e depois não resista aos seus beijos. Que ela saiba que você prefere verde e não preto. Que ela risque do calendário as quartas, que é dia de jogo. Que ela respeite seus momentos, suas sextas feiras e consiga decifrar o enigma que você se tornou.


Só espero que ela se esforce como eu me esforcei. Que ela saiba valorizar mesmo os momentos ruins, porque eles continuam vivos dentro de mim, mesmo depois de tanto tempo. Que ela consiga parar o tempo quando tá com você, que ela guarde as memórias numa caixa com cadeado, pra ninguém se meter. Espero que ela te faça feliz. Que você volte a sorrir com o olhar, que você volte a si mesmo. Eu espero que ela te ame da mesma forma que eu amei. Que eu amo. Que eu não consigo deixar de amar. Espero, que o eu te amo que eu nunca ouvi e também nunca disse, seja sincero. Que os presentes, as viagens, os almoços de domingo na sua casa sejam o que você sempre buscou. Eu não acredito que você seja feliz dessa forma, com ela. Mas, eu espero…

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Repetição.




Eu sempre reparo no jeito que você não consegue olhar pra mim quando o assunto é sério. Como você é capaz de viver de óculos escuros pros nossos antigos e ultrapassados dramas de uma história aparentemente sem final.

Reparo que seu olhar é distante e ao mesmo tempo tão próximo de mim, como se já conhecesse todos os meus caminhos inacabados e tortos. Você acha que eu não percebo você analisando milimetricamente meus traços, passos e sorrisos, mesmo que discretamente.

Acho que você nunca olhou ao redor pra ver as faíscas de nós dois. Nunca tomou conhecimento das vezes que cochicharam sobre eu e você. Nunca teve coragem ou simplesmente se negou a ouvir a dimensão dos meus sentimentos.

Então, numa segunda quente, você me encontrou de cabelo despenteado, olhar cansado e assim, de pertinho, fez sua análise. Sibilou frases que eu mal consegui ouvir, fingiu não se importar com a minha presença e manteve sua pose de durão.

Talvez, você tenha esquecido que eu sou capaz de pintar um auto retrato perfeito seu sem nenhuma consulta. Sem fotos, sem você na minha frente. Esqueceu que eu te decifro de olhos fechados, na escuridão que você se prende; que insiste em visitar.

E como se as estações tivessem mudado sem aviso prévio, você vira outra pessoa do meu lado. A sós. Eu, o vento que anuncia o verão e você, evitando me olhar. Eu comento do seu carro, você logo desvia de assunto.

Então, de repente, como no início de um filme, você assume a figura do narrador e assim, onipresente, resolve fazer parte de um enredo que não te interessava até então.

Já não fantasio o nosso final feliz, a volta do herói e nem torço pelas cenas extras depois dos créditos. Não me prendo em poucas palavras e no seu abraço. Mesmo que um pedaço meu ainda permaneça nas suas mãos e que seu olhar ainda me dilacere todas as vezes que te encontro, isso não é suficiente.

Nunca bastou pra sustentar suas mentiras e minhas verdades mais puras. Te disse tudo que podia, demonstrei mais que deveria, te entreguei pessoalmente meus poemas mais bonitos. Você não deu valor e acho que ainda não dá. 

Revisitar o passado deveria ser proibido, mas você faz tudo parecer como uma música com refrão repetitivo. Só queria te lembrar que já deletei nossa trilha sonora e que nem um novo script sem coadjuvantes muda o que você provocou.

Não me provoca, não me olha assim e não faz a parte dois de um filme que já rendeu uma boa audiência. Faz o seu papel e vai embora sem olhar pra trás.

Eu, já fui. 




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Certas coisas não mudam.














Respiro fundo e rascunho essa primeira frase. Não tenho pressa, dessa vez quem controla o tempo sou eu. Dessa vez, não preciso me afogar nas minhas próprias palavras e nem tropeçar entre os parágrafos. Dessa, e pela primeira vez, está tudo sob controle.

Existe uma cronologia muito bem organizada dentro da minha cabeça e nem música é necessária pra acompanhar o ritmo da minha escrita.

Parece que tudo mudou, quando no fundo, certas coisas permanecem exatamente iguais. Talvez, eu ainda tenha os mesmos medos e ainda reste saliva pra te dizer uns fins de frases que nunca consegui completar. Não sei, é como se fosse ler uma carta imaginária. Como se os fatos viessem narrados prontos pra mim. É como pedir pizza. Sabe, não ter que preparar nada? 


Fazia tempo que o discurso não vinha fácil. Conversar com você nunca foi tão natural, tão libertador, tão sem escrúpulos. E você sabe bem que é culpa sua. Que toda essa intimidade, foi resultado de quase dois calendários completos. 



* * *

O silêncio foi quebrado com um sussurro tímido, quase inaudível. Mas, meu bem, acredita que eu reconheço sua voz bem lá de longe… Dessa vez, não foi como vidro estilhaçando no chão. Foi como as folhas caindo de uma árvore seca no outono. Foi como aquele comecinho de chuva no inverno.

Foi bom. Se tivesse gosto, eu imagino que seria doce. Você, bem por dentro de todas as suas armaduras, sempre teve esse lado flor. Esse lado que poucos enxergam. Não entenda errado, eu amo flores.

O cheiro, meu, seu, do ambiente…que continuou igual, e mesmo resfriada (pois é, não posso mais usar seus moletons), consegui sentir. Como eu disse, certas coisas não mudam. O que me surpreendeu talvez nem tenha sido o diálogo, mas a atitude. A iniciativa. De onde veio tudo isso? Será que você finalmente achou a chave do baú que escondia sua sinceridade, no meio da sua bagunça?

Falando em bagunça, percebeu como eu ando confusa ultimamente? E seu olhar? Continuo me perdendo nele. Queria ter a coragem de dizer como ele é especial. Ou, como ele me faz sentir. 

O azul da sua blusa tava combinando com a cor do céu, de quando você se despedia de mim, bem cedinho. Mas, pra que me prender em lembranças, se as memórias se perdem de qualquer forma?

O tempo passou e os vinte minutinhos poderiam ter se prolongado por horas. Não sei se você sentiu o que eu senti. Se te contar mil verdades fez algum efeito ai dentro. Se na hora que você olhou pro lado você quis pegar na minha mão. Se quando eu sibilei os motivos, as faltas e suas loucuras, você entendeu. 

Não há pressa. Já esperei tanto. Devo ter carteirinha fidelidade no seu contato do celular, de tanto que já pensei em ligar. Já passei na porta da sua casa e me lembrei. Já quis bater na sua porta, mesmo sabendo que você estaria ausente.

Por mais que eu ainda não consiga escalar os muros que você construiu, você sabe que é incapaz de me barrar. Que não importa qual seja o obstáculo da vez, pelo menos te entender, eu entendo.

E mesmo que você conte pra mim tudo que você sabe que eu não quero ouvir, você sabe que eu não vou fugir. Que mesmo que teu carro esteja destrancado, eu me recuso a sair. 


* * *

Como eu te disse, o tempo não corre mais. Não me preocupo com o passar dos minutos em direção à um futuro incerto. Nós sempre fomos assim, e certas coisas, não mudam.

Como eu queria que minha casa fosse mais longe, pra ter tempo de te fazer rir com mais piadas bobas e ouvir suas explicações sobre o universo.

Falando nele, o universo… ele continua girando, e não sei se ao nosso favor. Não sei se um dia ele vai fazer você me encontrar e eu te deixar entrar… Só sei, que certas coisas não mudam, nunca vão mudar.”

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Descatraque-se





Elas estão constantemente presentes aqui e ali, dentro da rotina caótica e alucinante que vivemos. Pelo menos pra mim, que fase... Digamos que, de certa forma, elas democratizem. Todos precisamos dos mesmos requisitos por ali passar, seguir, adentrar.

É fácil dizer que as catracas atrasam a vida. Bloqueiam caminhos. Fazem a gente tropeçar na escada procurando dentro da bolsa a maldita carteirinha magnetizada (e nessa hora é capaz de aparecer até um hipopótamo lá dentro, mas o cartãozinho que é bom, nada). 

Seja em forma de papel pra sair do estacionamento do shopping e ter que quase se jogar do carro pra alcançar o leitor magnético e fazer a vozinha de ‘’obrigada, volte sempre’’ se calar (e quando eu achava que uma anã morava lá? Mas, enfim, crianças...) ou pra registrar seu ponto no trabalho, nos acostumamos com aquela barra de metal eletrônica.

Quem nunca teve o corpo prensado numa dessas numa manhã chuvosa? Sei lá. Desde que eu comecei a perceber a presença um tanto quanto desconcertante delas, passei a fazer analogias um tanto quanto pertinentes (só na minha cabeça, claro).

Criamos catracas em volta de nós o tempo todo. Invisíveis, que mudam de lugar conforme nossa vontade. Não autorizamos a entrada de quem não conhecemos, de quem não preencheu o cadastro, tirou foto e deu até o cpf da sogra pra conseguir entrar no sistema. 

Muitas vezes, cobramos um valor (emocional) excessivamente alto pra quem perdeu o tíquete de saída, a comanda de consumo na balada, pra quem, em geral nos decepcionou. Desistimos das segundas chances. As vezes, nem das primeiras fazemos questão. Ou, principalmente, nos perdemos entre quem deveria ser a prioridade da nossa lista lá da portaria...

Atrasamos a vida por criar esses obstáculos de metal transparentes, deixando planos para trás, por quem sabe, preguiça de encontrar o crachá dentro da bolsa e entrar em novas possibilidades.

Os tropeços nessa busca sim devem continuar. Quem sabe o que deve mudar então, seja a forma que buscamos. 

Aliás, que segurança essas catracas imaginárias trazem? Impedir o acesso de ideias, pessoas, vontades novas, simplesmente por não terem um histórico, uma ficha, uma consulta marcada no sétimo andar? 

Acho que não, né?

Não existe um verbo pra deixar as catracas de lado. Descatraquize? Descatraque-se? 

Quer saber de uma coisa? Só dá uma chance pro novo. Só se liberte do que te prende, seja uma catraca, um medo, uma voz.

Pula essa catraca, vai viver. (Ou pelo menos, já deixa separado o que quer que seja que libere sua passagem.)



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Seus olhos



‘’Dois metros nos separam. Algumas pessoas, perfumes, a fumaça do cigarro alheio. Um vento, um telefone tocando, e de repente, um silêncio.

Será que é só dentro de mim, que fica esse misto de sensações? Hoje só existe isso entre nós dois e parece um vidro blindado, mesmo que invisível aos nossos olhos. Ao meu ver, ao que eu ainda sinto quanto você está por perto...

E talvez, o que me prenda tanto não sejam os sorrisos, ou como nos cumprimentamos, nem a forma como você caminha. É puro e simplesmente, como você me olha.

É o que parece preso dentro de você e o que eu não tenho coragem de dizer na sua frente. É um silêncio mais alto que qualquer barulho. A respiração é mais pesada que as compras do supermercado que eu carrego sozinha.

Meu medo é que seja indiferença. Que seja um reflexo das falhas do passado e que você só me olhe assim por não saber mais o que me dizer. Mas, ainda há tanto. Tantas coisas, que por mais redundantes que sejam, eu gostaria que você ouvisse. Tantas frases que eu quero ouvir de ti.

Meus joelhos tremem enquanto te observo nesses dois metros. Você não percebe que quanto mais perto eu chego de você, mais eu quero que você se aproxime?

Não é intencional. É impulsivo.

Não são só os cinco segundos, os dois metros, o silêncio. São as memórias de dois anos, são as bagunças aqui dentro.

É você. São seus olhos.’’

De novo.

Escrito em 15/05/12




”Sibilava letras de músicas decoradas e fechava os olhos. Mas não conseguia mantê-los assim por muito tempo. Tempo? Parecia tudo tão rápido e num ritmo que suas pernas já não acompanhavam e entre ruas, esquinas, passos e pulos, tropeçava. Por não saber pra onde queria ir, se perdia. Em fotos, em textos, em livros, em romances que se tornavam lembranças distantes. Se tornara uma vítima de seus próprios pensamentos. E eram tantas coisas que ela queria abraçar que simplesmente não cabiam no espaço de um abraço. E eram tantos sentimentos que ela queria expressar e que em palavras não conseguia. E eram tantos sorrisos que ela imaginava em sonhos, mas que no meio da noite, perdiam sentido. Não podia dizer que faltava algo, porque no fundo, nada é completo. Sempre faltaria algo, não superficial, mas quem sabe espiritual, ou interno. Será que era medo de falhar ou só falta de coragem de tentar? Por trás do moletom azul, do cabelo milimetricamente penteado e do rímel preto, dentro e lá no fundo ela só pensava no quanto inconstante o turbilhão de sensações era. E o quanto queria mudar e crescer, e finalmente… ser. Quem? Alguém que ela não reconhecia mais e que agora, depois de tudo e ao mesmo tempo, nada, ela buscava reencontrar e entender. Se entender, se permitir. Se permitir sentir. De novo, e tudo de novo, o novo.”

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

No escuro






‘’Porque é exatamente no momento em que meus pensamentos vão longe que você coloca meus pés bem no chão. Ou ao contrário. É no meu desespero que a luz que você traz se vai e tudo que eu queria vira pó. Quando você não está eu viro um espaço sem nome, com medidas infinitas. E quando eu te vejo, quando seus olhos perdidos encontram minha angústia, eu sinto como se tivessem arrancado um pedaço de mim. 

Simplesmente, é pior sentir não podendo. É contraditório e impulsivo o que você desperta em mim, seja de perto ou de longe. Conscientemente ou apenas por meio segundo, um turbilhão de coisas passam ao meu redor, e parada, me sinto tonta. E tudo isso, é como colher mil pedaços de cartas que você nunca leu, como se minhas metades perdidas estivessem todas dentro do bolso daquele moletom que eu amava, que você deixou no fundo do armário. Como se de jeitos improváveis, ficasse cada vez mais claro, que no escuro que eu tinha ao seu lado, era meu devido lugar. 

E aí, eu me perco naqueles caminhos que tracei do seu lado, ou tentando incansavelmente chegar no seu abraço. E permanece a vontade de te dizer restos de coisas que eu já nem sei o que, porque, no fundo, tudo já foi dito. O que eu precisava colocar pra fora, já foi suspirado por ventos em todas as estações do ano. Me provoca arrepios. Me deixa sem rumo, mesmo sabendo que você continua sendo meu destino final.  Todas as cordas bambas que eu piso só me fazem acreditar num possível cada dia mais impossível. 

De todos os mistérios que você prometeu revelar, eu só preciso de um. Só quero ter a chance de tentar o certo, pra no fundo, descobrir que era errado. Que somos errados. Porque isso, essas meias verdades não me bastam e não sustentam os bloqueios que criamos ao longo tempo. Nada é capaz de destruir o que minha mente criou e nenhuma força empurra pra longe as intermináveis dúvidas. Meu orgulho não permite que eu caminhe e você não tem coragem de me dar as respostas.  Você não quer falar, e no fundo, eu não quero ouvir. Te escutar significa que você pode entregar os pontos. E eu, eu não quero desistir do jogo. ’’

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Términos.

Escrito em 23/03/13






”Ouvi dizer que a vida é feita de escolhas. Que cada passo que você dá, uma decisão nova foi feita. Cada obstáculo é a chance de tentar o impossível. Términos são parte importante do nosso dia-a-dia. São eles que nos fazem acreditar no amanhã, no futuro. 



Pode ser terminar um curso de inglês, um namoro, uma receita, uma amizade, um livro. Sem os términos não haveria porquês. Não haveria novidade, recomeço. Digo, não haveria mudança. Não tomaríamos novas decisões. Não teríamos motivos. Não iríamos à luta, não iriamos ter atitude. É preciso terminar para de fato começar. 



É preciso descobrir pelo que se vale a pena gastar energia, tempo, dinheiro. É necessário escolher pelo que se quer terminar. O que é que eu gosto tanto, a ponto de ir até o fim? Ou o caminho inverso… O que é que eu odeio, que seja necessário por um fim? O que não me acrescenta, que eu devo deletar? Terminar não é fácil, mas, na minha opinião, é preciso. É preciso terminar para continuar andando, buscando. Termina-se para começar. É um ciclo. 



Talvez, existam coisas intermináveis. Talvez, existam coisas que sejam findáveis. Talvez, olhar o mar seja uma coisa impossível de interromper. Existem prazeres intermináveis, pessoas inesquecíveis, momentos infinitos. Preciso terminar a lição de casa, a lista do supermercado, esse texto. Também preciso entender porque terminar tem sido tão importante. Terminar uma fase, uma rotina, interromper os antigos caminhos, as idéias erradas. Terminar é mais que parar, que clicar no stop. 



Terminar é ter a certeza que o término leva à um novo começo. É acreditar no poder das suas próprias escolhas. Terminar não é fácil, mas não é impossível. Terminar é preciso. Terminar é recomeçar. Terminar é colocar um ponto final que em seguida transforma-se numa vírgula. Terminar é se permitir.”

domingo, 1 de setembro de 2013

Ela.

Escrito em 22/09/12




E ela ia descendo a rua mordendo os lábios, uma velha mania. Não ouvia as buzinas dos carros e praticamente não sentia o movimento ao seu redor. Frequentemente tropeçava, por estar assim tão distraída e alheia ao mundo.

Enquanto andava, pensava em tantas coisas e ao mesmo tempo em nada. Diante das filosofias baratas que lia na internet e do horóscopo semanal ela ia tentando prever o futuro e os acontecimentos que não tinha controle, que aliás, nunca teve.

Segurando a bolsa pesada com os livros, fechando mais o casaco para se proteger do vento e lascando ainda mais o esmalte rosa por impaciência e monotonia, ela tentava se entender, assim, sem mais nem menos. Sem motivo.

A cada farol que tinha que parar para poder atravessar, um novo pensamento e a cada esquina uma dúvida que vinha de lugares cada vez mais profundos de sua mente. Ela era complicada. Sempre foi. Nunca pediu para ser compreendida e nunca na verdade, se importou com isso. Mais um farol. Mais uma esquina. Mais uma dúvida. Mais uma das muitas faces dela mesmo que não conhecia. E era assim, todos os dias, até que algo novo e mais complexo a invadisse e a arrastasse para um íntimo mais profundo, dela mesma.



quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O primeiro.



A ideia do blog sempre existiu. E a preguiça também. 

Desde 2010, mantive o tumblr com textos e pensamentos aleatórios. Eram pequenas histórias e aquele endereço eletrônico era a caixa onde eu guardava tudo. Por isso o título.

Sem planos concretos, vou postar o que vier à mente, minha coleção de momentos diários. Opiniões, sensações, angústias. Repostagens de textos antigos, talvez. Um pouco de tudo e ao mesmo tempo, nada.

Pra saber sobre mim, leia o ''About'' do lado direito (ou joga meu nome no google!). 

Seja bem vindo.

Beijos,


Fê.