quarta-feira, 29 de abril de 2015

Se eu pudesse







Os minutos que antecediam sua presença faziam com que um flashback invadisse minha mente. Quando você chegou tudo parou. Percebeu como eu, que sempre te disse tudo com tanta facilidade, não conseguia nem esboçar um meio sorriso? Será que não podemos só olhar um pro outro por um instante? 

Você insiste e eu começo a te dizer todas aquelas coisas que eu preferia não sentir. Que eu preferia cobrir com flores, sorrisos e cartas. Todos os detalhes que eu gostaria que não tivessem se tornado tão significantes ao longo do tempo. Aliás, por que será que eu perco a noção dos minutos quando você me olha do outro lado da rua? 

Você não deve ter percebido, mas essa música combina com a gente. Combina com o que restou de um rascunho perfeito de nós. Ela se encaixa em todas as vezes que o silêncio bastou, que os suspiros preencheram, que nossos abraços fizeram o mundo parecer menos frio.

Assim que eu virei pra esquerda e te disse adeus, São Paulo parecia ter mudado de cor. Escureceu dentro de mim... Pensei em tanta coisa e ao mesmo tempo em nada. Acho que no fim, nós fomos um pouco assim, tudo e nada. 

O cinema numa terça, as ligações de madrugada, as sobremesas num bistrô no Jardins. Desculpa que eu não sou tão doce quanto aquela torta de maçã que você amou. Me perdoe por isso, por ontem, pelo amanhã. Promete não se prender nos abismos de tudo que eu não fui capaz de te oferecer. 

Se eu pudesse, meu bem, eu ficava. Ficava e tentaria ser um pouco daquele filme que não conseguimos ver juntos, mas que eu insisto que você termine. Eu seria mais encontros, menos despedidas. Mais certezas, menos promessas. Mais beijos, menos deixa pra depois. Seria mais entrega, mais portas abertas. 

Enquanto eu dirigia, impulsivamente pensei em parar naquela pizzaria de esquina e fotografar as frases escritas nas paredes. Pensei em voltar pra aquele bar onde tudo começou entre uma cerveja e um mojito. Pensei em revisitar aquele aeroporto onde nossos olhares se escondiam entre o check in e o desembarque. Talvez, você ainda veja um pouco da minha vida por trás de todos os filtros do instagram, talvez meu nome apareça em alguma lista, quem sabe a gente não se cruze em um café.

Quem sabe ainda, eu não esteja na sua frente em uma fila e já adiante seu pedido, que eu já sei de cor; um café e um recomeço, por favor. Crédito ou débito? À vista, já que cansei de parcelar esses sentimentos. Meu bem, se eu pudesse eu simplesmente ficava.

Ficava e te dizia que você faz as coisas serem mais verdadeiras. Se eu pudesse, eu ficava e cuidava do que você tem de mais precioso. Ficava e garantia que seu coração não se perdesse na multidão. Mas, como você mesmo disse, talvez você tenha se apaixonado por uma outra versão de mim. E por isso, eu não posso me permitir pedir desculpas. 

Mas, apesar de tudo e mesmo assim, se eu pudesse, eu ficava. 


quinta-feira, 16 de abril de 2015

O que tiver que ser, será.






Sempre ouvi muito a frase "o que tiver que ser, será''.  Inúmeras vezes a repeti como palavras de incentivo, conselhos, mantra. Talvez, tenha demorado para realmente entender seu significado, conseguir de fato absorver tudo que ela representa.

Existem momentos que passam por nós, desmontam nossas estruturas, nos fazem repensar atitudes e ações e, o mais importante, são capazes de nos transformar. São nos momentos que vemos nossos planos mudarem repentinamente, sem escolha ou condicionalidade, que percebemos o nosso próprio tamanho. E com isso eu quero dizer o quanto nós conseguimos ser fortes. O tamanho da nossa força.

Quando a vida prega uma peça ou quando o destino resolve traçar novos caminhos para nós, na maioria das vezes, não somos capazes de aceitar que simplesmente não era a nossa hora ou nosso lugar. O maldito timing. Alguns podem dizer que é tudo uma questão de sorte. Eu digo que é uma questão de perspectiva. Engana-se quem acredita ser dono do próprio nariz. Existe algo muito maior, chamem do que quiser. Existem todas as energias que reverberam dentro e fora de nós. Existe o fato de que talvez, por pior que isso pareça, nós não sabemos o que é melhor para nós, agora ou mais pra frente. O agora, inclusive é a nossa única certeza. No próximo segundo, milhares de possibilidades estão na nossa frente, prontas para nos testar, nos fazer enxergar algo que nem sabemos o que ao certo.

Ouvi recentemente que devemos agradecer o que nós temos. Será que eu já tinha parado para pensar em quanta coisa me cerca? Em quanta positividade eu sou capaz de atrair, justamente por toda essa gratidão nas "pequenas" coisas? Acho que muito vem da maturidade de entender que o melhor para mim, não depende, única e exclusivamente do meu esforço ou do tamanho da minha vontade.

As decepções fazem parte do crescimento, e ele é o que nos move. Quem serei eu, no futuro, depois de tudo isso? O que nós vamos fazer depois que as rotas se alteraram e os planos foram trocados é o importante. E é aí que entra a transformação. Ela sim, depende de nós e do quanto colocamos a nossa mente, corpo e muitas vezes, alma, para fazer com que ela aconteça.

E no fim, basta respirar, acreditar e agradecer. Tudo vem para o bem, e o que tiver que ser, enfim, será.