‘’Dois metros nos separam. Algumas pessoas, perfumes, a
fumaça do cigarro alheio. Um vento, um telefone tocando, e de repente, um
silêncio.
Será que é só dentro de mim, que fica esse misto de sensações? Hoje só existe isso entre nós dois e parece um vidro blindado, mesmo que invisível aos nossos olhos. Ao meu ver, ao que eu ainda sinto quanto você está por perto...
Será que é só dentro de mim, que fica esse misto de sensações? Hoje só existe isso entre nós dois e parece um vidro blindado, mesmo que invisível aos nossos olhos. Ao meu ver, ao que eu ainda sinto quanto você está por perto...
E talvez, o que me prenda tanto não sejam os sorrisos, ou
como nos cumprimentamos, nem a forma como você caminha. É puro e simplesmente,
como você me olha.
É o que parece preso dentro de você e o que eu não tenho
coragem de dizer na sua frente. É um silêncio mais alto que qualquer barulho. A
respiração é mais pesada que as compras do supermercado que eu carrego sozinha.
Meu medo é que seja indiferença. Que seja um reflexo das
falhas do passado e que você só me olhe assim por não saber mais o que me
dizer. Mas, ainda há tanto. Tantas coisas, que por mais redundantes que sejam, eu gostaria que você ouvisse. Tantas frases que eu quero ouvir de ti.
Meus joelhos tremem enquanto te observo nesses dois metros.
Você não percebe que quanto mais perto eu chego de você, mais eu quero que você
se aproxime?
Não é intencional. É
impulsivo.
Não são só os cinco segundos, os dois metros, o silêncio. São
as memórias de dois anos, são as bagunças aqui dentro.
É você. São seus olhos.’’