quinta-feira, 1 de maio de 2014

Restos.



"Não restam palavras.
Sequer sobraram poemas.
Evito perder meus olhares no seus.
Percorro nossos caminhos ao contrário.
Mudo minha rota pra me distanciar da sua escuridão.
Apago a luz, troco de música, cruzo os braços.
Faço mil muralhas com a força que resgatei depois que você se foi.
Deixo para você essas minhas demonstrações de indiferença, inéditas.
Encontro desvios, esbarrões e tropeços longe do seu abraço.
Fujo do cheiro do seu perfume. 
Surpreendo-me com seus pedidos fora de hora. 
Você não entende meus nãos.
Eu nunca entendi você. 
E esse despedida...
Premeditada. Esperada. Demorada.
Será que é assim, você me encarando da porta?
Meu cabelo encostando em você nesse milésimo de segundo.
Seus meios beijos de tchau sem jeito.
Sabe, não restam nem palavras.
Sequer sobraram meus poemas.
Não me pede mais do que deve.
Repete todas as frases ditas daquele dia de chuva.
E faz chover para levar tudo embora.
Não restou nada.
E o pouco, não me basta.
Não é suficiente."