"O amor é isso.
Não prende, não aperta, não sufoca.
Porque, quando vira nó, já deixou de ser laço."
Mário Quintana
De todas as minhas verdades, você sempre foi a mais fiel. A
que correspondia melhor aos sentimentos perdidos dentro de mim. A verdade mais
sincera e sem medidas que meu peito pôde suportar.
De todos os meus contos, você sempre foi aquele que não tinha final. Que eu não
tinha coragem de digitar o ponto final e encerrar. Você foi a personagem que
ganhou capítulos extras, mesmo depois da tinta da caneta acabar. Quando se
tratava de dissertar sobre ti, apenas fechar os olhos era suficiente. Te ver
era supérfluo perto da minha imaginação quase que infantil e fantasiada.
Desenhei mais de mil máscaras pra você. Escondi seus
defeitos em adjetivos bonitos e frases de efeito. Todo meu amor foi debruçado
entre linhas que não parecem nem um pouco corretas agora.
Por muito tempo você roubou a beleza das coisas ao meu
redor. Tirou meu foco, minha visão e meus sentidos de tudo que era leve. Ao
contrário de você, a vida tem lá suas doçuras sem disfarce.
O medo de ir adiante por querer caminhar no escuro com você, passou. Talvez, hoje, eu finalmente desate nossos nós tão bem amarrados em lugares distantes. Deixei
de lado todas as (falsas) certezas de uma verdade que não passava de ilusão.
Por querer te consertar, me quebrei. Desfiz-me em mil pedaços
para ter como recompensa os cacos de um coração de vidro. Em suas respostas
vazias, no nada e no pouco que você era capaz de me oferecer, eu me rendi.
Me despeço, me entrego, me encontro.
De todas as minhas verdades, você sempre foi a mais
(in)fiel.