domingo, 1 de setembro de 2013

Ela.

Escrito em 22/09/12




E ela ia descendo a rua mordendo os lábios, uma velha mania. Não ouvia as buzinas dos carros e praticamente não sentia o movimento ao seu redor. Frequentemente tropeçava, por estar assim tão distraída e alheia ao mundo.

Enquanto andava, pensava em tantas coisas e ao mesmo tempo em nada. Diante das filosofias baratas que lia na internet e do horóscopo semanal ela ia tentando prever o futuro e os acontecimentos que não tinha controle, que aliás, nunca teve.

Segurando a bolsa pesada com os livros, fechando mais o casaco para se proteger do vento e lascando ainda mais o esmalte rosa por impaciência e monotonia, ela tentava se entender, assim, sem mais nem menos. Sem motivo.

A cada farol que tinha que parar para poder atravessar, um novo pensamento e a cada esquina uma dúvida que vinha de lugares cada vez mais profundos de sua mente. Ela era complicada. Sempre foi. Nunca pediu para ser compreendida e nunca na verdade, se importou com isso. Mais um farol. Mais uma esquina. Mais uma dúvida. Mais uma das muitas faces dela mesmo que não conhecia. E era assim, todos os dias, até que algo novo e mais complexo a invadisse e a arrastasse para um íntimo mais profundo, dela mesma.



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