terça-feira, 26 de agosto de 2014

Busca







De tempos em tempos a gente se perde. Eu me perco. Me embaralho entre as palavras cruzadas da rotina, me seduzo por vitrines mentirosas, deixo-me levar por verdades escritas sob guardanapos em um bar qualquer.

Confundo-me ao falar sobre o futuro ou sobre aquelas vontades escondidas debaixo do tapete. Será que existe hora certa pra destrancar tudo que vem preso dentro de alguém eu já nem reconheço mais? Quando foi que a pressa passou por mim, redesenhou meus mapas, quis consertar as linhas tortas dos meus rascunhos e a incompletude dos meus monólogos das três da manhã?

Já me disseram que é de degrau em degrau que chegamos na porta dos nossos sonhos. Que não adianta cortar caminho, subir pelo elevador, sucumbir aos atalhos. Eles podem parecer a solução imediata, mas não são capazes de desvendar o que está por trás de cada passo, de cada esforço interno, de cada suspiro que a gente dá quando perde o fôlego.

E as decisões mais difíceis a serem tomadas talvez nem sejam as que nos tiram o sono. Talvez, sejam aquelas mais perto de nós. As que estão ali, somente a espera de um sim ou de um não. Elas enxergam o nosso receio de tomar uma atitude e por isso, constantemente aparecem para nos lembrar que "ei, eu to aqui", o que você vai fazer em relação à mim? E nessas horas, não há remédio que te ajude, simpatia que escolha por você, conselho ou horóscopo que indique o caminho. É você com você mesmo.

Sou eu comigo mesma. E na realidade  ninguém consegue escolher quando está pela metade. Ninguém pela metade consegue agir de forma completa. Inteira. Não se constrói pontes com cacos. Nenhuma verdade é feita baseada em um conjunto de mentiras. E nada é capaz de apagar o que já foi feito.

Mas, no meio de tudo isso, atrás de cada pontada de medo, existe a fé. E é ela que faz a gente continuar. Que me faz acreditar que minhas escolhas são apenas um reflexo do que eu sou. Do que eu continuo sendo e evoluindo todos os dias. 

Quem sabe a gente precise viajar. Cruzar o oceano para descobrir que o que a gente procura não consta nos mapas, no google ou nas estrelas. Que o que a gente busca está mais próximo de nós do que imaginamos. Quem sabe, a gente só precise caminhar alguns passos para traçar uma rota infinita que leva ao nosso coração.

E no fundo, o que a gente procura não é nada muito além do óbvio e distante do espelho. A busca, é por nós mesmos. Não importa quanto tempo leve ou a que intensidade essa busca prossiga. O importante é que ela exista. Sempre.