segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Sobre ser






                                                                                                 Ph: Marco Manela


Andei pensando e descobri nesses últimos tempos, entre semáforos e esquinas que permanecem iguais, que há pedaços em mim irrecuperáveis.

Pedaços que se transformaram. Que permutaram, caminharam e que agora, as 2h20 da manhã de um dia qualquer, deixaram de ser quem eram.

Assusta ver partes nossas serem deixadas pra trás, sem mais nem menos. Aliás, mais. Muito mais. Será que é tão imperceptível aos olhos dos outros o quanto realmente, é mais?

Mais verdadeiro. Mais sincero. Mais profundo.

Constatar que o antes já não basta, que o antigo não satisfaz e que o passado não é suficiente me dá falta de ar.

Transitar entre esses caminhos de busca provoca tontura.

Acompanhar mesmo que aos poucos meus passos em direção a mim mesma, tira o sono. Mas, acho que no fundo, esse misto de sensações que transitam aqui dentro é natural. Afinal, não é sempre que conseguimos estar diante de nós mesmos sem tropeçar.

Então, cabe a nós conhecer, reconhecer, ser. E finalmente, agradecer pela grandiosidade que é poder contemplar a si mesmo.



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