quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Gravidade



Gravidade é o que mantém nossos pés fixos no chão. Aquilo que faz nosso corpo percorrer caminhos nem sempre claros, sabendo que sempre há a chance voltar. 

A gravidade cria essas raízes na gente pra que possamos nos permitir ir à loucura, às vezes, quando nada aqui parece suficiente. Pra que a gente saía do nosso rotineiro, tropece, se desmanche, mas saiba que o seguro ainda está ali, esperando nosso retorno.

É livre de julgamentos e não desiste quando partimos de última hora. Deixa a gente cometer esses deslizes, rodopios e anseios, mas sempre nos puxa de volta. A gravidade acredita na gente. Perdoa como ninguém e tem a calma como dom.

Gravidade é escrever tantas linhas sem sentido e saber que a caneta ainda estará aqui amanhã. Gravidade é poder mudar de ideia, reescrever, deixar de ser, só pra no final ser de novo. É revisitar passados, mas ter em mente novos futuros.

Também é ponto de equilíbrio. É tropeçar mas acertar o passo em seguida sem cair. É leveza. É sentir o vento no rosto e respirar fundo. Gravidade é fechar os olhos e enxergar o impossível.
 
Gravidade é sentir nossos pés no asfalto, na grama, na areia e no escuro. É permitir o desencontro, o incomum, o infinito.

É o que nos segura em quem a gente acredita e quer ser. É o que faz nosso coração bater mais forte, é o nó na garganta. É encontrar percursos que só são certos pra nós mesmos. Gravidade não é estar fora de si, é encontrar em si tudo que está fora e transformar.

Gravidade é estar, nunca deixando de ser todas essas nossas versões. É encontrar em si, não o peso do mundo, mas o que faz nosso mundo continuar aqui.

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