segunda-feira, 7 de abril de 2014

Nó.



"A verdade é que não necessariamente as coisas estão ao nosso alcance quando desejamos. Os erros que insistem em marcar presença mesmo por detrás dos sorrisos mais sinceros fazem tanta coisa se perder. Fazem com que a nossa até então plenitude, transforme-se num emaranhado de nós que nem nos lembramos de ter feito.

E é tentando desfazer os nós que criamos que nos deparamos com as decepções. Entre um fio mais solto que outro, aparece um diálogo que não faz sentido, uma briga por motivos impulsivos e histórias que parecem não ter fim. E logo ali, mais acima de todos os fios está a nossa consciência.

É ela que deve, ou pelo menos deveria, nos guiar nas nossas ações, desde os atos mais simples até ao "eu te amo" mais difícil de ser dito. Do "bom dia" às despedidas mais doloridas. É a consciência do nosso corpo, da nossa mente e das nossas atitudes a responsável pelas consequências no nosso futuro. O futuro, aliás, assusta. Pra você não? Até onde meus esforços valerão á pena, ou até que ponto tudo que eu fiz e deixei de fazer será recompensado? E precisa de recompensa?

A consciência, às vezes, se faz distante, quase que inatingível. Inclusive, dizem por aí que a maior distância do mundo é entre a cabeça e o coração. No meio do caminho, entre um ato totalmente racional e um abraço, tanta coisa muda. Entre uma fala mal interpretada e um conselho que não foi ouvido, a gente já mudou mil destinos e nem sabe. Passamos por cima de coisas que a nossa consciência insistentemente tentou nos avisar, mas que nosso orgulho nunca deixou ser completado; que nosso medo do "depois" foi maior, nos cegando do certo. Falando nisso, você já fez o certo, hoje? O que de fato, é o certo? A voz da nossa consciência, talvez.

Os erros que cometemos, as verdades que deixamos de dizer, as constatações dolorosas que precisamos ouvir, os diálogos que deixamos incompletos, os passos que traçamos sem consultar um mapa, absolutamente tudo vai abrindo buracos nos nossos caminhos, afetando cada centímetro do nosso corpo, alma e consciência.

O desafio não é saber lidar com as perdas, quando ficar calado em uma briga, quando tomar partido, quando dar um abraço amigo ou desvencilhar-se de um beijo roubado. O (nosso) meu grande desafio é desfazer cada pequeno nó sem deixar rastros, resquícios, restos de problemas. Sem afetar quem deu o laço mais forte, quem se soltou dos nós mais frouxos. É uma missão quase que impossível se encontrar em meio à bagunça. Se encontrar sozinho.

Afinal, nenhum nó dói tanto quanto o da nossa garganta."

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